domingo, 26 de dezembro de 2010

Para 2010 com carinho, assinado: meu nome

Esta é uma carta de despedida. Quero com ela despedir-me do ano de 2010. Quero com ela deixar que este ano esteja guardado no meu baú, aquele que emocionado abro pra sonhar meu passado. Não te disse ano que você foi pra mim meu recomeço, meu súbito estado de pressão, minha turbulenta freqüência de capacidades e de realidades daquelas que são colocadas, ou melhor impostas pelo destino, esse amigo e camarada que é do signo de Áries, teimoso, teimoso destino.
Ano, você sobreviveu, não acabou antes da hora, não sucumbiu, nem verteu seus rios pro óbvio planejamento meu, insano, insólito, infinito. Igual quando você choveu meu coração, nesse teu ciclo hidropassional que se renova aqui dentro, queimando, virando gelo, derretendo, chovendo e secando meu mar interno até só restar o sal.
Sabe ano, eu me moldei, você me mostrou tanta coisa nova, tanta coisa velha e tanta coisa nem nova nem velha que não servia pra nada. Você me chacoalhou e nem me avisou que iria me colocar com as pernas para o ar. Você ultrapassou o limite das minhas vertigens e jogou meu medo pra cima dos meus olhos me fazendo costurar meus sangramentos, logo depois que entendi que a luta não era combater você e sim suportar a dor do que você me escancarou. Algumas palavras passaram a ser apenas palavras como; escolhas, desejos, conseqüência. Ainda prevalece a velha história do semeador, às vezes a gente semeia mesmo nem pra gente mesmo, às vezes demora pra nascer, às vezes é preciso fazer as vezes de quem não semeia, de quem não acentua sua vida com vírgulas e reticências.
Quando você chegou fui meio frio, não tenho mais a mesma esperança dos meus dez anos de idade quando eu olhava os fogos e sonhava em crescer. Em ser parte deste mundo, em buscar afirmação artística que já estava dentro de mim. Eu deixei na infância o brilho nos olhos, o carinho do afago e a inocência de uma criança esperta e inteligente. A mesma inocência que me fazia sorrir quando um adulto me dizia que eu seria alguém muito importante. Talvez tenha ficado lá a atenção dada às tantas histórias da minha vó, a atenção ficou, mas o cuidado não, o cuidado eu soube manter, o famoso juízo que quase ninguém tem e a gente insiste em dar a quem precisa. Não foi assim, não recebi juízo e sim muito amor, atrás de um figurino da mais alta admiração. To falando que você se escolheu pra ser o ano da partida dela, minha força, meu cotidiano, minha esperança e minha luz nesse mundo estranho que não cabia na cabeça dela, ou estava pra lá de ultrapassado. Desculpa ano, mas nem a sua modernidade batia a sabedoria dela e seu catálogo de situações, todas tão vividas ao longo de tantos anos.
Aquela lágrima solitária ao pé da terra que abriga minha vó foi de missão cumprida, olha só que coisa, eu que tanto deixei coisas pela metade, consegui terminar a minha história com ela com a sensação de muito crédito. Nem devia a ela e nem ela a mim. Ela foi com Deus, conhecer seus Jesus Cristos, suas Nossas Senhoras, seus São Pedros, seus tão apaioxonantes protetores desta vida que confortaram suas preocupações de mãe, mulher, profissional, chefe, avó, bisavó, irmã, tia, anjo. Se você puder me ajudar a gritar ano, ecoa um grito forte de gratidão que assim de onde ela estiver, ela ouvirá um "obrigado meu amor" com a minha voz.
Cresci e descobri o preço desse crescimento. Foi como da noite pro dia não caber mais nas roupas, não entrar mais nos sapatos, não falar com a mesma voz. Crescer no sonho era habitar um mundo de possibilidades que não são impossíveis, mas menos possíveis talvez, aos olhos de uma criança.
Não sei como falar, mas não senti firmeza nas relações humanas, não me surpreendi na beleza das situações, somente me decepcionei com a pobreza dos pensamentos, com a hipocrisia e com a sede de poder ter poder. Não fui além da conta pra receber tanto descaso, tanta indiferença, tanto rancor. Se você puder, brevemente, dar um recado ao ano que vem, peça a ele que mostre pra gente, o valor que gente tem. Não fazendo gente endeusar gente, mas sim fazendo gente se livrar do julgo de gente.
A beleza das relações está justamente na liberdade que cada um tem pra ser o que quiser. Pra pensar no que der na telha, pra ser feliz, pra cuidar da sua própria vida o que já é algo, como habitualmente digo, muito difícil.
Ano, não acabe sem antes se despedir de mim, vamos fazer as pazes pelos momentos ruins, levando em consideração que a gente cresce com eles também e transferir pro próximo ano, os acertos, os momentos únicos, as horas de risos e reflexões sinceras, os encontros, começando pelo nosso e a despedida que faremos inteiros assim como montanhas instransponíveis.
Não te prometo nada além de um bom lugar, porém você precisa me prometer que vai mesmo me ajudar a não repetir os vícios, os erros e os desesperos.
Se você me permitir gostaria de cantar uma canção que diz assim

É de manhã, vem o sol
Mas os pingos da chuva que ontem caiu
Ainda estão a brilhar,
Ainda estão a dançar,
Ao vento alegre que me traz esta canção.
Quero que você me dê a mão
Vamos sair por aí sem pensar
No que foi que sonhei,
Que chorei, que sofri
Pois, a nossa manhã
Já me fez esquecer.
Me dê a mão vamos sair
Pra ver o sol.

E assim com Tom Jobim me despeço e te entrego esta carta, onde humilde assino
Com carinho
meu nome

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Menina Joana

Menina Joana
Você me falou
Que o mundo ta podre
Que o mundo acabou
Que o mundo vegeta
E ta esperando
A bomba, explodir

Menina Joana
Tem cara de pobre
Mas não se esquece
Do seu ideal
Que é ser modelo
Na capa da Vogue
Ou então ser uma pobre atriz

Menina Joana
Não se apavore
Pra cara de pobre
Tem o photoshop
E pra ser atriz
Vai ter que estudar
Stanislavski e Brecht

Menina Joana
Agora mulher
Tem tudo o que quer
Ta no carnaval
Não estampa a Vogue
Mas é capa da "Quem"
De gato vai, porque cachorro não tem

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

FOTOS DE ORÉGANO POR CLÁUDIA OLHER

Todos precisam conhecer o trabalho da excelente fotógrafa Cláudia Olher.
Entrem no seu blog e confiram as imagens que ela colheu do espetáculo ORÉGANO da Cia. Hecatombe que por coincidência tem minha direção, rs.

http://blog.claudiaolher.com.br/

























Aproveite para visitar também o blog da Cia. Hecatombe, vou roubar umas fotos da Cláudia e colocar lá!

bloghecatombe.blogspot.com

Aproveitando pra atualizar a agenda dia 24 e 25 de janeiro apresentação de ORÉGANO no Teatro Nelson Castro dentro da programação do JBC - Janeiro Brasileiro da Comédia 2011.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Pronto falei ou anos 90 estão chegando

Quando vem um vazio
Vem de vez e fica
Vem talvez sem vez
E nem se explica
Tudo passa
Vai embora
Acaba
Chega
Acontece
E sensação é vazia
Não me encontre pra dizer que o mundo vai acabar
Eu prefiro ficar e ler
Goiabada com Queijo
De Shakespeare
Ou tomar um copo de Coca
Quando a água do mundo acabar
Aliás, não me encontre pra dizer que a água do mundo vai acabar
Eu prefiro a genialidade inventiva dos novos intelectuais
Eles vão me propor algo novo
Algo que venha depois da internet, do celular e da ovelha Dolly
Se bem que a Dolly é muito 97
O celular é muito 95
E a internet, bem a internet é bem noventa e alguma coisa...
E talvez esse vazio todo
Seja pelo cansaço de falar dos anos 80
Anos 90! Boa ideia!
Os anos 90 estão chegando
E deles eu posso falar
Pronto falei

domingo, 21 de novembro de 2010

Dedicação Quintana

A oferenda    
Eu queria trazer-te uns versos muito lindos...
Trago-te estas mãos vazias
Que vão tomando a forma do teu seio.

Eu escrevi um poema triste    
Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

(A Cor do Invisível)



Os degraus   
Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma. 
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

(Baú de Espantos)



Inscrição para um portão de cemitério
Na mesma pedra se encontram,
Conforme o povo traduz,
Quando se nasce - uma estrela,
Quando se morre - uma cruz.
Mas quantos que aqui repousam
Hão de emendar-nos assim:
"Ponham-me a cruz no princípio...
E a luz da estrela no fim!"

(A Cor do Invisível)



A vida    
Mas se a vida é tão curta como dizes porque que é que me estás lendo até agora?





quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Ideias moram na madrugada

Por que se eu digo
Quero amor
Você me traz logo
O seu toque perfumado
Quero amor
Tem preço?
Ta com desconto,
Ou ta dobrado?
Esta noite tão sutil
Não fez frio
Não fez calor
Fez você tocar meu interfone
Me chamar de qualquer coisa
E não fazer nenhum sentido
Fez sentido não fazer
Pois fez você
Tocar meu interfone
E me chamar de qualquer coisa
Como qualquer coisa boa que pode haver
Ideias moram na madrugada
E daqui a gente é tão esperto
Tão vivo
Tão ciente que agora a gente tem que viver
Daqui de nós tudo passou
O mundo parou
A crise se foi
Nem cheque
Nem poço
Sem fundo
Cheque moço o mundo
O nosso mundo
Girando na órbita de nossos próprios umbigos

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Seguindo

Eu quero sair desse lugar comum
Abrir a porta do desconhecido
Pro novo ou pro velho
Voltar
Não quero as mesmas técnicas de sedução
Não penso que as fases passam por que eu quis
Não sei se estou em outra
Ou se apenas abafei em mim meu barulho
Tem coisas que são coisas apenas quando já não são mais
E eu não sei saber se é assim que se sabe
Fora do eixo
Porém de um equilibrio são
Adaptado
Mas com um leve desejo de estar na contra-mão
Não fiz poema pra dizer que ando mal
Nem posso dizer isso
Fiz poema pra dizer que estou vivo
Tem dias que se apegar ao seu fazer
É a melhor forma de provar algo a si mesmo
Quem não se sabe
Não se cabe
E tem mais é que caber
O mundo ta girando
E amanhã continua girando
Tando ou não tando
Você e eu aí

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Dia de fazer 25

Dia de fazer 25
De fazer vinte e cinco
De fazer

Dia de entender 25
De entender vinte e cinco
De entender

Mas tá tudo bem
25 é melhor que 23
melhor que vinte e três

Dia de fazer idade
De permanecer tranquilo
Trabalhar tudo igual
Ouvir Felicidades
E quem importa já deu
Dia de viver
Dia de completar
Dia de começar de novo

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Dub de novo

Ouvi falar em tendência
E esperei o momento certo pra dizer
Não sei por onde foi
Incidência
Não sei e nem quero saber
The good times dub
De volta ao lounge
Aos bons momentos
INside
Ela
A tendencia
IN ou OUT
Gim ou malte
Se muito que bem
Faz tanto
Que
Se bem
Tanto faz
Muito ou pouco
Dub in your mind
E um jeito louco
De aproveitar as sensações
Numa viagem

domingo, 17 de outubro de 2010

Não me encontre no verão

É assim meu bem
Não ouça o meu apelo
Nem peça pra dizer
Não me encontre no verão
Não aqueça mais as coisas
Do que já estão
Permita-me infiltrar
No seu mundinho escola e diversão
Porque eu não vi apenas isso, aí
Sinto
Muito
Não fecho os olhos pro que é bom
E se conselho fosse bom
Era melhor seguir
Não feche os olhos
Não feche os olhos
Não feche o que pode se abrir
As vezes quando fico triste
Quando leio jornal
Quando danço sem jeito
Sorrio 
Você não me concede esta dança
Eu não cedo ao meu orgulho
Você conhece o caminho

Ah porque estou tão sozinho?
Ah porque tudo é tão triste?
Ah a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha

Desaprenda a chegar até aqui
Depois me faça esquecer, assim como você
Assim como quem quer 200 gramas de mussarela por favor

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Que sabor tem o seu hoje?

Paro tudo
Peço o tom
Eu escrevo como canto
Sob notas
Sobre o som
Um dia eu quis viver um sonho lindo
Eu nasci chorando e passei a infância rindo
Eu sorri pro infortúnio
Dei adeus aos velhos dias
Dei olá aos velhos dias
Assumi erros, muitos
Tantos, inúmeros
E cheguei aqui
No presente
Fora do meu sonho
Fora do futuro
E olha que interessante
Feliz
Não feliz de brinquedo
Feliz por dentro
Porque da boca o riso
É dado
Indisciplinado
Vai com qualquer um
E isso não é felicidade
Perto do sabor que o hoje tem.
O sabor do hoje
É como o desconhecido
O mesmo idealizado
O mesmo do futuro
O mesmo que eu pensava no passado
O sabor do hoje é minha dinâmica
É meu bom senso entre perder e ganhar
É meu manejo ao saber que os pés estão no chão
O sabor do hoje é meu melhor refúgio
Não sonhei com ele
E o mais intrigante
É que o hoje
É a única coisa que eu realmente tenho
Este não é um manifesto em favor do hoje
Trata-se apenas de um encontro
Alguma coisa próxima de um ponto de partida
Ou de chegada
O sabor do hoje é o de um bom suco de melância
Fresco e gelado
Pronto pra eu tomar num dia quente
A hora que eu quiser
Que sabor tem o seu hoje?

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A curva também é caminho

Esse tempo bom
Que se resume em ser
Um tempo bom
De cheiro de terra molhada
Como em dias de chuva de verão
E a sensação de passar do quente
Pro fresco
Em paz
E impressionado
Até onde esse humano pode chegar
Sacudido pelo vento
Sem saber o que fazer
Sem tecer sem se dizer sim
Eu simplesmente pensei nas facilidades
Esqueci que eu sim preciso compensar
Não acreditei na resposta clara
De que era melhor viver em paz
E então eu re-senti
Não disse esse bom dia concreto
Eu apenas dei um boa tarde molenga
Um feliz natal pálido
E um saúde obrigatório
Pós espirros meteóricos
Eu falei palavras sem nexo
Mas quem desembaraçou
As cordas da minha lírica
Aprendeu a me entender
Existente e reticente
Ao encontrar a curva
Dobre
Nessa estrada
A curva também é caminho

domingo, 3 de outubro de 2010

Ao som de sons


Comece a dizer adeus
Às gôndolas de Veneza
Ao bom estilo de vida
Dito estilo de vida
Dito estilo de viver
Dito bom
Como eu não sei dizer
Pense nesse mar em sua frente seco
Pense seco
Pense em não mergulhar agora
Pare de ler esse livro agora
Em breve seu ânimo vai lhe ser precioso
Imagine só você lendo
Enquanto o seu ânimo é precioso
Não repercutiu em mim seu desmazelo
Seu ato histórico
Do tipo duplo twist carpado
Com os pés pelas mãos
Feito heróico
Desastrado
Por isso nota baixa
Eu quero ver e ouvir
Sons desse tipo
Melhores
Aprimorados
Só me acorde se for pra me encantar pelos ouvidos
É assim e nada mais

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Frases feitas

Ao passo que sinto sua presença desaforada se esvaindo como água morta que vai pro ralo, vejo um semblante quase intransigente me sorrir boas tardes nunca mais dadas.

Outro dia mastiguei meu ego em busca de entender como é pra você o gosto disso que conhece e sabe fazer tão bem.

A diferença entre as frases feitas que leio e as frases feitas que escrevo é que as minhas frases feitas são escritas por mim.

Os meus sonhos de cochilo são tão terapêuticos, quanto duas rodelas de pepino nos olhos.

Se eu pudesse desinventar algo, desinventaria a falta de criatividade.

A pessoa mais hilária iê que conheci foi Xuxa. (li por aí)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Nove e meia

Quando for a hora, você vai chegar bonito, de cheiro agradável e vai me perguntar as horas. Eu vou me virar sem pretensão com os olhos no punho acompanhando os ponteiros, vou te dizer que são nove e meia e te olhar de relance, despertar por você, e então me lançar pelo olhar em ti. Você vai sorrir e agradecer, eu vou ser legal e te perguntar se parou de chover lá fora. Você então vai começar a dizer que ainda não, saudando a chuva que enfim caí, dando um basta no tempo seco que ataca sua renite, mas eu vou estar sem reação e nem vou ouvir tudo sobre a sua rinite, essas coisas eu saberei depois quando você me indagnar se eu não me lembro de quando me contou sobre ela. Daí então te contarei a verdade e assumirei meu encantamento, mas ainda na livraria você vai pegar um cd da Bebel Gilberto e dizer que adora o som dela. Eu não vou me conter e te dizer que eu também amo Bebel Gilberto. Você vai gostar e a gente vai entender que nos daremos bem pelos próximos cinco minutos. Você vai se afastar e eu vou perceber que você tem braços fortes, vou desejá-los e admirar seu tamanho alto, do tipo que tem tudo no lugar. Sua beleza será dominante, mas nem por isso eu vou me apaixonar, tudo se dará enquanto for descobrindo sua falta de barreiras ao estabelecer aquela amizade rápida. Voltando a mim, me trará um livro novo e me perguntará o que eu acho dele, vou dar minha opnião cabeça e você vai rir, vai ignorar meu estilo cult e me dizer que eu posso usar sinceridade, então direi que o livro é um porre e riremos juntos pela primeira vez. É aí então que nos olharemos de verdade, nos conhecendo por nossas retinas e sentiremos vontades parecidas de vermos novamente nossos sorrisos. Nesse momento faremos de tudo um pouco para que tudo seja divertido. Diremos quais são nossos cds preferidos e dividiremos headphones pra ouvir aquela canção inesquecível da Sinéad O'Connor. Vamos nos emocionar imaginando a possibilidade, daquela ser futuramente, a nossa canção, nos emocionaremos sempre com ela, pois sim, será a nossa canção. Eu vou comprar a trilha sonora de um filme qualquer e você vai mesmo levar o livro porre que vai ficar no criado mudo ao lado da nossa cama por anos até você assumir de vez que não consegue terminá-lo, mas você ainda vai chegar na hora certa e perguntar a hora certa até eu dizer que são nove e meia. Ainda não será nada concreto quando sairmos da livraria e você me perguntar se já jantei, nem quando eu disser que não e indicar o restaurante japonês, mas você vai superar minhas expectativas sendo mais decido do que eu e vai falar que está com muita fome e que o bom mesmo nessa hora é aquele fast food do M amarelo. Entre risos nós iremos verbalizar em sincronia um; Topa? Os risos vão aumentar seguidos da minha vergonha e da sua desenvoltura na conquista. Eu não vou precisar dizer que sim, porque você já vai saber o que eu quero. Nessa hora eu já terei sacado que você sabe o que eu quero e vou estar achando o máximo esse jogo de afinidades. Por todo o meu histórico de amores mal amados eu vou querer apenas investir num sexo casual bem gostoso pra não platonizar o acontecimento. Precisarei me segurar pra não começar a ver imagens do casamento já na mesa do Mc Donald e entre um Mc Chicken, a batata média e o catchup de copinho você vai me perguntar no que estou pensando. É claro que eu vou dizer que é na mostarda que eu esqueci de pegar. Eu sempre vou tentar falar coisas engraçadas, já notei ali que você tem um bom humor imenso e senso de humor também. Mas do nada você levanta, some no corredor e volta com o copinho de mostarda. Vai fazer toda a diferença essa atitude, porque verei que você é sim um cavalheiro moderno e então vou agradecer e ficaremos um pouco em silêncio. Você vai começar a me olhar sincero, enxergando além da minha boca cheia de batata frita, uma esperança de um encontro válido, forte e de intensidade frequente, sem picos, sem quedas, sem frenesi, com muito amor. Estranho você pensar tudo isso nesse momento, mas não escolhemos esses momentos, eles acontecem. Estamos quase indo embora e nenhum de nós questionou sobre estarmos sós, perdidos naquele shopping. A sutilidade desse encontro já nos aparentava ser a maior explicação. Eu começarei a enxergar seu nervosismo e vou descobrir ali mesmo algo que constatarei depois, sua insegurança disfarçada nesse seu tipo expansivo, nada extremo, mas que você deixa transparecer quando o seu olho se fixa no meu de verdade. Vou entender de cara, porque eu também sou assim, mas isso é uma certa preservação e eu acho que a gente faz isso muito bem.
No estacionamento vamos nos sentir um pouco tristes, tudo naquele momento vai parecer não estar certo, principalmente porque nossos carros estarão em lados opostos, mas nos daremos a desculpa de já termos anotado nossos celulares. Não demora muito o assunto acaba, mas em algum momento eu teria que retomar essa minha característica de quem sempre toma a atitude e vou te beijar. É o mínimo que posso fazer depois de ter me inibido pela desplatonização. Você vai me abraçar e o beijo será doce, calmo e histórico, ele vai dizer muita coisa, vai nos aproximar definitivamente. O resto das nossas vidas é que será mais bonito do que todo esse encontro de almas, o nosso pacto de companherismo será nossa maior virtude e a nossa paciência diante dos nossos próprios defeitos, também. Você vai me dizer eu te amo todos os dias que acordar do meu lado, mas quando eu não estiver em nossa cama, por aí no mundo em algum quarto de hotel mostrando a minha arte, vou receber uma mensagem no celular com o mesmo eu te amo de todos os dias. É claro que eu também vou fazer questão de te amar diariamente e lhe conceder o mérito pelo feito de ter me mostrado o que é amar de verdade. Estaremos juntos e seremos complemento, buscaremos nossos ideiais pessoais e quando isso significar afastamento, vamos nos possibilitar formas de diminuí-lo e assim será nossa vida, cheia de sentido, como agora que você está lindo, dormindo, sereno, hoje que concretizou aquele seu sonho antigo e eu o admirei muito mais, em gratidão por ter me acompanhado em tantos sonhos meus. Hoje durante o sexo apaixonado eu quis te dizer tudo isso. Me lembrei que são anos juntos e o sexo continua apaixonado, o mesmo sexo apaixonado depois do beijo no estacionamento do shopping. E veio a música da Sinéad O'Connor, veio você e suas premissas que viriam depois, vieram as minhas outras tantas premissas e me vi aqui, neste passado do que seremos agora. Ta dando pra entender? Agora aqui do seu lado te vendo dormir, resolvi escrever nossa história e me confundo tanto porque ela ainda vai acontecer. Eu não sei dizer, não sei ao certo dizer, que tempo é concreto, eu só sei que você é uma realidade e vai chegar bonito, de cheiro agradável e vai me perguntar as horas e eu vou dizer que são nove e meia e que te amo muito, quando for a hora.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Não é tristeza, é inspiração

Why does my heart feel so bad?
Why does my soul feel so bad?
These open doors

Por que meu coração se sente tão mal?
Por que minha alma se sente tão mal?
Essas portas abertas...

Moby feelings again

Acho que é hora de retomar alguma coisa

domingo, 26 de setembro de 2010

Já volto, processo de aceitação criativa

Este domingo me questiona
Me impulsiona
Ao mesmo tempo em que acalma minha rotina
Em meio a entrevistas
Debates e personagens
Alguma coisa sobra
Por dentro há que se carregar
Um signo que não seja
Assim
Normal
Isso prova que não para
A cabeça de pensar
De confabular e buscar rumos
Criando e sonhando
Amando e não amando
Apenas esperando
Um aspecto claro
Algo do qual partilho aqui
Num domingo de chuva
Não imagino este encontro dado
Doado, datado
Criar é tão embrionário
É tão empregnante
Quanto tudo que pode fixar-se e não sair
Não me apavora o aspecto quântico
Não me amedronta mais ter que esperar
Não fui feito ao contratempo
Por isso é preciso conter
E sentir
Esse tempo passar
Pensar é tão pra poucos
Converter a angústia é tão artístico
Que eu poderia findar
Dizendo que já volto

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Sobre a fita crepe que tapa a boca

Eu só preciso respirar
Porque você foi tão óbvio
Seguiu a risca
Pela minha intuição
E se agora a lágrima seca
É porque chorei demais em segredo
Eu sei que não sou o erro
Mas sei que dói demais
VER E CONSTATAR
Eu sempre soube, mas me reservei
Que vontade de falar sobre isso
Que vontade de não sentir
Minha estima ser aviltada em mesa de bar
Estou com nojo de mim
Decepcionado
Como se a culpa fosse minha
Assim vai minha cara
Dentro de um copo de cerveja
Um pouquinho de status
E uma revolta sem explicação
Não sei dizer o que é

A flor depois da primavera

Quando você estiver lendo isso
Sentirá que te confesso um segredo
Muito embora pareça
Que a nós dois nunca era cabível reservar-se
Te digo que sim
Te escondi certas coisas
Das quais nem aqui te falarei
Sobrevivo ao hoje
Na certeza de que deixo sua vida
Num rompante de lucidez
Não corriqueiro até aqui
Desculpe pela paixão
Ela é maior de idade
E faz o que quer
Hoje ao não entender
Procure apenas esquecer
Esqueça de mim
Porque você é uma flor
E eu não tenho condições de ser algo melhor que flor
Não se condene
Não se castre
Apenas diga a quem quiser saber
Que saí para comprar cigarro e nunca mais voltei
- Ele saiu pra comprar cigarro e nunca mais voltou!
Assopre a minha lembrança daí
Com um pouco de sorte
Você recupera as forças
E encontra algo ou alguém
Que lhe motive
Não sou quem você pensa que sou
Eu nunca fui em tantos anos
E essa farsa que eu sou
Você não merece conhecer
Terminando de ler
Rasgue, destrua
Não retorne à estas palavras
Não derrame essa lágrima
Que toma conta dos olhos
Nunca vi uma flor chorar
Acabe aqui
Acabe

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Provocação ativa

Ela disse vai
Da mesma forma que se diz:
Aceita sobremesa?
Não era comum ouvir assim
Não fazia sentido
Ela entrou fantasiada
De alta tecnologia
Ela não sabia mais amarrar
Seus sapatos
Amarelos
Suas tranças
E o seus belos
Maços de trigo
Não colheu aleatória
A safra feita
Do seu ócio
Não subverteu
Nem submergiu
Não se apropriou
Apenas deslizou
Seu grande peito
Provocativa
No parapeito
Provocativa
E de provocação à provocação
Assim
Provocação ativa
Provocativa
Ela venceu
Ela deu certo
Foi possível
Sem mais nem menos
E sem poesia

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Estupefatonices

Estou sem um dente
Meu dentista me disse enfático
Você perdeu o canino
Mas, sou um gato doutor!
(Doutor assusta-se com a reação)
Respondi estupefato,
De fato.

Por que meu dente tem que ser...
Canino!?

Eu e minhas coisas de gato.

gatogatoresponde@gmail.com

Abri esta conta de e-mail, porque o Homero me orientou no sentido de que gato blogueiro precisa ter um contato para responder aos seus leitores. Voilà! Me perguntem coisas inteligentes. Estou muito velho para tonteirinhas.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sim, sou um gato!

Só os gatos rompem meu silêncio noturno
Pulam meu telhado de zinco
Miram minha janela indiscretos
Só os gatos miam loucos feito a fome
Caçam liberdade as mantendo entredentes
Rugem audazes, altivos, felinos
Escalam meu quarto
Ronronam intermitentes


(Gato Gato)


Gato Gato é formado em filosofia, pela C.A.T. University, gosta de leite desnatado e não abre mão da sua wyskas de vegetais. Às vezes se sente sozinho, mas dribla a solidão escrevendo e relendo livros de Sidney Sheldon. Escreve pra uma revista especializada em animais e promete vir sempre a este blog compartilhar suas experiências de vida.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Orégano em Rio Preto







Pra quem não conseguiu assistir no FIT, estamos de volta!
Dia 18 de Setembro - Sábado - às 20h30
No Teatro Municipal Nelson Castro
Av Feliciano Salles Cunha, 1020 (atrás do cemitério S. João Batista)
Ingressos R$ 10,00 inteira e R$ 5,00 meia

Espero vocês!


domingo, 5 de setembro de 2010

Você, por aqui?

Aos poucos passa
É só gritar
Aos poucos para
É só querer
Se eu não te disse
Que eu sofro
Foi pra não
Me envergonhar
Da tua presença
Imprevisível
Da tua face mutante
Que inda me faz titubear
Nestes momentos que não se pode evitar
O melhor é levar o tempo nas costas
Soltar o freio da insegurança
E pedir que amanhã eu não desgele
O melhor que se tem a fazer
É extrair o limo da paredinha da cara
Umedecer os lábios com maçã ou pera
E esperar, porque
Aos poucos passa
É só gritar
Aos poucos para
É só querer
Se eu não te disse
Que eu sofro
Foi pra não
Me envergonhar
Da tua presença
Imprevisível

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O bom dia de Mirna Moulin

Eu acho mesmo que essa vontade de não dar bom dia passa despercebida quando encaro que o dia não está realmente bom, então quando eu ainda não sei, me pergunto: Por que eu só consigo dar Bom Dia depois de meia hora que acordo? Parece que eu me certifico antes se o dia está bom mesmo. O fato é que pra fazer sentido o dia precisa fazer sentido, não pode ser como hoje, por exemplo, que ainda não tá fazendo muito sentido.

Poderíamos falar um pouco sobre a rotina de Mirna Moulin, um travesti robusto que morava na rua de pedra do centro da cidade. Talvez não fosse apropriado, você pode pensar, mas está aí alguém que dá bom dia a cavalo, literalmente.

Depois de uma noite de trabalho ela volta, por volta das 3h57 para seu quarto, um cômodo apertado nos fundos de um açougue do qual divide o único banheiro, localizado entre o quarto e o estabelecimento. Não muito frequente se dedica a limpeza do lugar para que as moscas não tomem conta por completo do ambiente de filme de terror que é como pode ser classificado o singelo toilet de 2m por 2m. Digo de filme de terror, porque as paredes ficam sujas de sangue a cada vez que os açougueiros passam por lá e digo toilet, porque é como Mirna gosta que o banheiro seja chamado, ela acha mais chique, por isso que providenciou uma placa com motivos desses de banheiro que a gente encontra em posto de estrada. - "Tô í lét", acho chique! Pronunciou feliz quando acabou por fim de pregar na porta aquelas letras cravadas num pedaço de madeira.
3h59, ao passar pelo banheiro se lembrou de como pregou aquela placa e se sentiu rica, afinal os programas tinham rendido mais que duas tapiocas e um suco de cajú que era o seu desejo do dia seguinte na feira livre do bairro. 4h mijou e percebeu que sim, já era hora de limpar o banheiro de novo. Deu boa noite às moscas e saiu desviando delas como quem abre uma cortina. Pensou:
- Amanhã vou comer duas tapiocas e tomar suco de cajú na feira aqui do bairro, pastel engorda.
Dormiu, com um semblante simples, singelo, cansado talvez, sem banho, de maquiagem e salto alto, melada e na companhia de uma mosca que ficou grudada no seu rímel.
10h, seis horas dormidas já estavam suficientemente boas para ela.
- Bom dia luz do sol! Assim ela acordou arrancando o cílio postiço e se dando conta que a mosca estava ali, amedrontada, jurando estar grudada numa teia de aranha.
- Não, não, não bonitinha, que medo bobo. Eu lá tenho cara de aranha?  
A mosca sorriu e respirou aliviada, abrindo um voo redentor após ter sido retirada da armadilha. Não durou muito este momento e até poderíamos pensar num close da mosca com um fundo de música bem inspirador aos sentidos libertários, mas não, a pobre mosca bateu com a cara na veneziana que estava fechada e caiu zonza e morta, estava fraca já, mosca não é uma coisa que vive muito.
10h30 de roupa mais dia, de sapato mais senhora e de maquiagem borrada, porque leite de colônia daquele frasco verde, não retira tudo mesmo, ela saiu. Ela saiu sem banho, mas eu apoio, não dava mesmo pra tomar banho antes de limpar aquele lugar.
10h32, Bom dia! Bom dia! Primeiro aos açougueiros que adoravam vê-la passar, para verem seus peitos, sua pouca bunda e darem risinhos pro Waltão, um gordo forte, tipo urso e de voz grossa, ah e de bigode também, que às vezes currava Mirna num encontro furtivo para usar o banheiro.
Bom Dia! Bom Dia! 10h35, muito bom dia ao casal de namorados sentado na praça, uma cena romântica como ela deveras gostava. Bom D..., engasgou um bom dia as 10h37 para a cigana que falara que ela ia morrer de doença, passou reto. Pensou:
- Não sou obrigada! Eu hein! Bom Dia! Oi seu Breno, tô boa sim e o senhor? Ah então tá bom. Manda um beijo pra sua filha.
A filha do seu Breno era uma sapatão que tinha um buteco, mas que fechou porque não ia muito bem.
10h42 e a feira livre é realmente um lugar pra se ver, ouvir, comer e sentir de tudo. Um espaço democrático, livre como o próprio nome já diz. Muitos aos berros em seus anúncios de melhores ofertas, muitas velhas simpáticas sempre e muitas velhas ranzinzas também. Mirna ali era praticamente uma celebridade, ainda mais depois daquela novela que o ator gritava o nome da personagem bem forte MIRRRRRRRRNNAAA. Era assim que muitas vezes os feirantes a chamavam, ela amava isso.
10h48, Axé baiana! Como tá nossa terra? Me vê duas tapiocas e um suco de cajú. - Não disfarçou o brilho nos olhos e segurou a boca com o punho fechado, numa emoção tão grande que a fez abusar:
- Bote mais baiana! - Se referindo ao leite condensado da tapioca doce, ela queria mais. Comeu, deleitou-se, nada como um pequeno prazer para se sentir grande e assim com as moedas restantes comprou banana, e pediu pro Zé da laranja pendurar a meia dúzia que ela levou.
11h11, fez um pedido. Pediu à São Cosme e Damião, seus santos da infância na Bahia, bons lucros na próxima noite e prometeu ir ao terreiro levar muitos doces na festa do Bigi.
11h13, Bom dia ao chofer de madame, bom dia à madame que virou a cara, bom dia ao policial e... O ENCANTO. Ele estava montado num cavalo marrom de pelos cintilantes, de crina longa e rabo escovado. Mirna percorreu os corpos do belo polícia, do belo cavalo, da bela miragem, ou visão. Do antigo fetiche de ser desejada por um polícia de quem apanha frequentemente, Mirna não reconhece, mas isso deve ser trauma da infância. 11h15, estática. 11h16, o cavalo relincha e ela ri. 11h16, ainda, o polícia pergunta a Mirna se ela quer dar uma voltinha e ri sarcástico, desce do cavalo, amarra-o e se dirige ao outro lado da calçada. A rua movimenta-se. Mirna está estática, alguma coisa aconteceu ali dentro, quem sabe alguns questionamentos, as promessas a São Cosme e Damião, a madame esnobe e o pequeno prazer de comer duas tapiocas e tomar um suco de cajú. Nesse momento a mistura de tudo a faz pensar e o pensamento lhe traz uma angústia, notem, ela ainda nem viu que a mosca é morta em sua janela, mas o cavalo , ali em frente lhe permite explorar o que não é próprio do seu mundo, então às 11h18 ela dá bom dia ao cavalo:
- Bom dia cavalo!
Num ato rápido, histórico, surtado, Mirna monta no cavalo e emite um imenso e forte grito:
- EEEiiiiiaaaaaaaa!! Ri de mim agora!
O cavalo dispara, o policial grita do outro lado da calçada, o trânsito o impede de passar, o cavalo veloz, segue como se Mirna fosse sua dona. Ela altiva e radiante, em pose de amazona:
- Bom Dia! Bom Dia! Bom Dia!
Bom dia até ouvir a buzina de um caminhão. Isso foi às 11h19m40s. 

Se eu pudesse perguntaria ainda se teria sido um bom dia ou se era melhor esperar mais meia hora.



quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sou seu quando a tarde cai

Ah
Os fins de tarde
Quando o dia já se mostrou
Quando já sei o que estou sentindo
Quando as horas passam
E o pensamento volta
E se volta
Ao som do que mais me lembra você
E é assim que percorro o tempo
Pensando em não pensar
E abrir espaço pro que é bom
Vou deixar de lado isso tudo
Porque são coisas que não sei explicar
E ao leitor, perdão
I'm yours
E não é assim que se vai embora
Enfim
É fim

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Um frasco de inveja e raiva

A inveja é a vontade
De ter o que não é seu
O ciúme é o medo
De tomarem o que é meu
          (Vanessa da Mata)

Eu invejo os livres
Os loucos
Os desapaixonados
Eu invejo os invejosos
Os inescrupulosos
Eu invejo a água porque é líquida
Invejo o egoísmo
E o vizinho quando o ouço amar

Não me interrompa agora
Eu não sei dizer porque,
Mas se me parar assim
Vou só incorrer no erro
De viver invejando isso

Estava escuro e a grama sob meus pés descalços estava molhada do sereno. Caminhei em linha reta e naquele momento eu sentia que caminhava sem rumo. Caminhei sem rumo por uma linha reta, por uma estrada, ninguém aparecia. Não me importei, eu apenas continuei. Olhei pra trás e ainda podia ver o pisca alerta do meu carro, caminhei mais, caminhei até abandonar aquelas luzes e fiquei apenas comigo. Ninguém passou, ninguém passou, ninguém.

Se me apazigua o coração falar,
Porque me escondo tanto
Em minha voz?
É certo que gosto de música
É certo que gosto de Sísifo
Ou me sinto um pouco assim
Quando perco um pedaço de esperança

A raiva passa
A inveja também

Fica eu




segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O primeiro pedaço vai pra você que me ensinou tua receita de afeto

Quando você me ensinou
Eu estive aqui pra aprender
Que a luta esta na tua essência
E é preciso crescer pra gente ver
Sabe agora lá embaixo
Tive a sensação de estar você
Feliz sorrindo
Te sentindo
Eu quis poder
Ver-te inteira
Simplesmente
Ver-te inteira
Em minha frente
Ver-te e ouvir-te
Me dizer
Segue a risca essa receita!
Eu quis saber-te
E soube ter
Ter-te ao lado
Em todos instantes
Aliados
Sempre constantes
Em nossas promessas cumpridas
E o nosso aval cúmplice
De todos os bons dias partilhados
Nossa sintonia
Nossa garantia
Nossa parceria
Hoje embora tão distantes
Perto e como antes
Eu queria reviver e te dizer
Sou inteiro teu aprendiz
Você desde sempre, minha guia
Mesmo sem tua vida sofrida e imperfeita
Sigo a risca tua receita
E o que for maior que um eu te amo
É o que eu sinto por você
À Deusa!

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

(1) Sobre esses vultos (2) Você e a pasta de dente

(1)
Essas pessoas aí atrás
Não sabem de nada
Não sabem ao menos
Que estou aqui
Elas não estão na calçada
Elas não buscam nada
São vultos
Insultos
Todos feitos não propriamente à mim



(2)
Você viu a Lua ontem?
Ela tinha uma riqueza
Um esplendor
Você viu que linda ela?
Tava achatada
Eu vi tava achatada
Ela
Luziu pra mim
Quando disse linda ela
Ela
Seduziu meu sim
Quando despi
Quando notei a boca avessa ao beijo
A ilusão
Eu não senti que fosse durar pra sempre
De repente
Alguma faísca dissipou-se
Em meio ao meu pensamento
Que torpe e traiçoeiro te colocou aqui
Era uma ladeira íngreme
Ladeira, subida do caralho
Não aguentei
A história que eu quero
Eu não sei contar
Não existi entre as letras métricas de Camões
Eu indiquei esse caminho
Por pura falta de interesse
Eu não sei de você
Mas eu me corto sempre por dentro
Quando vejo seu sorriso
Já pensou em fazer propaganda pra Colgate?
Quando parei de suspender a visão
Eu queria que você não notasse
Mas eu não vou me dar ao luxo
De subir de novo
É muito alta essa ladeira
Já pensou em fazer propaganda pra Colgate?
Continua...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Cinco ou Seis minutos de sonho, sono e divagação

Se deixe levar por um instante
Este caminho não parece aconchegante
E não há a menor chance de regressar
Essa pedras todas
Não querem dizer
Que haviam pedras
No meio do caminho
Elas não querem dizer
Porque não dizem
Se a Lua está cheia
Não resta 1 pra divertir
Só tem a ver o que for Sol
Sol, sol, sol...

Homero! Acorde, foi apenas um sonho.

Eu suei apenas pra acordar molhado
Nem me dei conta do que houve
Engraçado, um sonho de cochilo
Me transporta
Me ressalta
Eu continuo o mesmo
Mesmo que eu tenha mudado tanto
O mesmo ator
Mesmo que faça um ano
O mesmo
Um tipo sonhador

Olhei em volta pra ver se o dia parou
Encontrei a solidão estampada na banca de jornal
Subi pelas mesmas ruas e parei quando avistei o viaduto do chá
Sabia que algo estava sim acontecendo
E eu, apenas eu sabia
Então eu chorei
Comecei a gritar
E de repente a sorrir
Gargalhar
Esse mundo era só meu
Ou as coisas ainda iam voltar pro seu lugar?
Logo eu voaria
Eu poderia fazer o que quiser num mundo meu
Por isso pulei
Eu vi o viaduto cair
E muita gente ao meu redor
- Que engraçado, vocês voltaram!
Luzes vermelhas
Eu não voei
Mas também não morri
Eu quiquei que nem bola
Era quinta e regime só começa na segunda que vem
Ainda bem!

Compreensão pra que?
Quero apenas um momento pra quebrar a 4ª parede

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Guerreiros com Guerreiros

Guerreiros
Loucos e meio acelerados
São bravos
Ricos, brados fortes
E uma prova em meio a sua valentia
Guerreiros não suportam
A ironia
Toda via
A vida vem lhes enfurecer
Carregam suas armas
E se armam do óbvio
Pra combater a dor
Pra combater o ócio
Pra enfrentar o amor
Valentes, ágeis
Coragem homens!
Em dias de sol quente
O melhor é insistir
Nessa história

Carreguem a marca
Lamentem a falta
E sigam

Vai e desbrava
Abre a mata
Mata a cobra
Mostra o pau
E balança
Segue na luta
Que nunca finda
E se ainda
Restar hesitação
Pula
Um salto vazio
Pode ser emocionante
Quanto fatal
Mas guerreiros
Não têm medo de perder
Nem de queimar

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Aos Fortes!

Sou agora a fonte
A sede, a mente do homem comum
Sou a covardia
Sou ousadia de viver essa dor
Tô viciado em gente
Tô perdendo e tô crente
Eu tô mais amor
Onde estão as coisas todas?
Todas coisas que ganhei
Onde guardo as coisas,
Todas, tantas coisas que deixei?
Não vi passar o trem
Sua buzina não ouvi
Não sei também nem quem
Foi mesmo que falou
Que a luz no fim
É o trem
Que o túnel soterrou
Somente ficou esse ar
Um pouco pra se respirar
A vida reserva a intenção
De ser mesmo impressionante
Doer é uma coisa normal
Aos poucos passa
Aos poucos cansa
Aos poucos são dadas
Poucas coisas
Que as coisas têm
As coisas aos poucos, são
E aos muitos, se dão
Tem coisas que aos poucos se esvaem
Aos poucos se esvaem
Aos poucos se
Aos poucos
Aos
Fortes!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Uma peça pra não parar

Me segura um pouco
Obrigado por vir
Ao meu encontro
E me fazer te precisar
Tão seguro
Tão meu porto seguro
Um lugar
Pra eu me despir
Meu banheiro
Meu espelho
Minha vida passa
Passa a vida por aqui
Me alivia
Me permita
Expressar sem explodir
Estourar sem nem grunhir
Estourar mais, pra garantir
Eu me recolho
Guardo as peças
Eu me reponho
Em minhas peças
E antes que um dia você
Me peça
Pra parar
Eu te peço
Não me peça
Pra parar
Obrigado!

domingo, 22 de agosto de 2010

Nada Mudou

Tô com saudade do seu amor
Isso é pecado, meu bem?
Saudade de você
Da sua voz só pra mim
Do seu olhar bem no meu
Dos abraços demorados
Tô com saudade do que é bom
Isso é errado?
Por favor, rasgue se for
Tô com saudade do que você é por dentro
Tô sentindo falta da sua mão
Será que você não entendeu?
Eu preciso me dedicar a você
Muito mais, em tudo
E eu chego lá!
Tô tentando ser forte
Mas te escrever aqui é a prova
De que nada mudou
Eu ainda sou sem traumas
O mesmo poeta
Quem sabe isso quer dizer amor
Se bem que o que eu mais sei
É o que você quer dizer pra mim
Ou o que você significa pra mim
Se meu abraço for aconchego
Seja bem-vindo de volta
E vem logo
Ta difícil ver morrer o amor
Um pouquinho a cada dia
Não tenho vergonha de dizer mais uma vez
Te amo na alma

( Coloque o nome aqui )

Senti que alguma coisa estava fora do lugar
Obviamente, senti que a coisa era eu
Eu me coloquei de um perspectiva nova
Algumas coisas deixaram de fazer sentido
Mas algumas coisas mudaram
Da água, pro vinho da última postagem
Algumas coisas fizeram mais sentido
Portanto, não quero mensurar o tempo
Isso não faz mais parte do cardápio
Eu só preciso de respostas
Que eu me mesmo me darei
Tenho suado frio
E me pego apavorado
Devo confessar,
As vezes um tanto xenofóbico
O que eu fiz aqui?
Empilhei tijolos e mais tijolos
E agora me vejo assim
Morando numa casa muito grande pra mim
Você pode dizer
Que isso passa
E eu posso até concordar
Mas o fato é que eu desloquei
E pensei só na mulher chorando, do ônibus
Aquela que a Luiza abordou
Eu queria pegá-la no braço
Ou simplesmente ser ela
Ou talvez eu esteja sendo ela agora
Ao dizer que não há nada que se possa fazer por mim
Eu aprendi como se fazer importar
Não foi espontâneo
Cansei
A sensação é de que sou sim uma garrafa PET

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Ao morrer não suje meu carpete

Essas palavras são de acordo
Ou acordo ou transcorro
São ditas soltas, lúdicas
São muitas outras
Cúbicas
A história de alguém que inverteu
Incorreu no erro de virar do avesso
E mostrar-se ao preço
Que outro ali lhe ofereceu
Dotado de olhos internos
De bocas sintéticas
E delírios de uma noite de vinho tinto
Socorro!
Gritou, espesso o som saiu
E a garganta caiu
Mas ficou bem ao ser devolvida ao seu lugar
Não menti quando olhei da janela
E vi seu nome escrito no espelho
O batom era realmente vagabundo
Mas se fosse vermelho teria sido perfeito
Ou você esqueceu que o vermelho é mais vulgar?
Se você fosse uma máquina
Seria uma máquina de burrice
Ai!
O tom
Receio estar sendo duro demais
Mas ontem quando você molhou meu tweed
Não me dei conta de como você não se deu conta do que fez
Eu não uso bege e isso você já sabe muito bem
Não quero parecer sovina
Mas você sabe o quanto eu paguei?
Não
Não me nivele
Nunca vou assumir esse quê egoísta que eu carrego na alma
Antes de você avistar a estrada
Passe pelo portão e deixe o pão que você roubou na cozinha
Odeio ter que arrancar a força qualquer coisa
Depois você pode sair
E morrer lá fora


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Melhor assim

Hoje eu to muito Calcanhoto
Ouvindo, sonhando
Eu to outro
To na janela enquadrado
To em paz
Cansado
Febril
Eu to muito aliviado
Eu to tranquilizado
Eu e meu dever
Cumprido
Eu e meu querer
Voar
Assim nas palavras
Assim na poética
De quem não gosta do bom gosto
Ou de quem prefere apenas
Ser algo como
Alguém de boa
Curtindo a maresia
O sopro dessa melodia
Que me leva ao mar
E o mar está tão longe
E eu tão precisando dele
Pés na areia
E mergulho
Perdendo o chão
Flutuando
Renovando
Um passo bem dado
Um traço riscado
Uma fagulha
Uma miragem
Um dia na vida dessa primeira pessoa
Um fio de cabelo no banco do carro
Um estado
Um fato
Dentro do ouvido
Uma canção
Fora do mundo
Uma sensação de que é melhor assim

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Dorme em meus braços

Se olha de verdade
Amanheça
Aceita enquanto a tarde
Não apareça
Divide o bom do amor
Conjuga o verbo amar
E fica mais pertinho assim de mim
Momentos de alegria
Bons demais
São sempre
Pra lembrá-lo
Que esses tais
Momentos de alegria
Acontecem
Anoitecem
Mais não apagam a luz
Que existe e faz
Você ser minha força
Minha lua
E eu ser o seu farol
Seu rumo e bem me quer
Agora que isso tudo se acalmou
Não quero ver você longe assim
Prometo lhe tratar com muito amor
E quero o beijo e a boca
Só pra mim
E então a gente anda lado a lado
Vivendo sem saber do amanhã
A lua adormece em meus braços
Madruga os seus sentidos
Aos meus, enfim

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Muito calor por ser inverno

Muito calor por ser inverno
E superar é o que distante
Eu encontrei de me incumbir
Desse vento quente que bate
Não vem brisa
Não é brisa
Você não representa a brisa
Você não representa
Porque não pode ser
Muito calor por ser inverno
Muito calor por ser noite
Calor e temperatura
Alta temperatura
Eu estou aqui
E por postura resolvi te suportar
Muito difícil ser tão intenso
Ser tão interno
Ser tão começo
Muito difícil ser desconexo
Ser inventivo
Muito
É o que eu me contesto
Se é muito
É mais que um protesto
Pra quem só quer frio
De aconchego
De contato e nada mais
Não me acorda
Eu prefiro não sentir
Que esse calor não é o meu
Se eu abrir os olhos
Posso me deparar
Com a imagem daquela brisa
Que passou despercebida
Mirou na fresta e partiu
É quente demais aqui
E ela não ia me refrescar
Então suspeito
Que se for direito
Me devolva o inverno
Que é pra eu não derreter total

domingo, 8 de agosto de 2010

Não quer dizer que é tristeza

E se eu transformar o habitual em alegria? Não possuo mais a coragem de dizer um não concreto, pois não resta nada além de palavras e intenções naquilo que poderia ter sido.
Eu, na verdade, queria fazer uma canção, lenta, bem intensa, pra poder chorá-la de cór.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

São palavras, palavras ou Tudo que me veio eu quis botar

Entre meu sonho
E meu medo
Eu parei pra te encontrar
Se você resiste
Eu resisto a acreditar
E então tudo é mais difícil
É um pesadelo incomum
Querer não pensar
Mas se vejo saída
Se vejo
Não consigo esquecer
São meras palavras de choro
São meros amores em um
São linhas escritas em vão
São quadros pintados por dó
Eu não penso em mim todo tempo
Porque to pensando em você
O fato é que eu me interesso
Por tudo que é meio sem nexo
E hora que vejo
Não tem
A mente dá medo na gente
O corpo não faz por querer
Eu tenho mais de mil motivos
E mais mil já te fiz entender
São partes que cabem em bolso
São bolsos que podem sumir
Sumindo esse jogo sem gosto
Já pode acabar
E partir

de nascer

quem quiser  quem for ver vai dizer que o tempo passou voando não vai mentir vai sentir um vento na cara, natureza talvez sorrir parece que ...