quinta-feira, 28 de março de 2019

mea culpa

esse seu sorriso
o meu sonho
o meu pedido
só veio de outro jeito
poderia ficar triste
mas eu luto pra acreditar
que ta tudo bem
e ficar bem
de te ver sorrir
que bom
que bom
fico feliz
me esforço mesmo
desculpa por não ter conseguido
fazer brotar
essa felicidade
que hoje você transborda

terça-feira, 19 de março de 2019

anjo

as vezes me perdendo
vou me achando
nessa bagunça que eu mesmo
me criei
soletro emoções
pra senti-las menos rápido
transporto
perco e ganho
com a mesma rapidez
há quem atribua à sorte
há quem deslegitime o esforço
mas há no pouco que há em mim
um pouco que fala
atravessei essa respiração como um acidente em teu país
separei meus pedaços em médio, bom e ruim
capturei a cor do teu temperamento
espalhei por dentro as migalhas recusadas por aí
quando o rumo diz da falta
tem socorro, tem de piedade de nós
reza tuas salve-rainhas
pratica a fé que te atende
teu santo anjo
esfrega a vista e vê
pousa de asa grande
delta
pousa na cabeça
repara o teu mal
diz ele que
seguia a tua estrada
mas um som desconhecido o desviou
a flor gritava tão sozinha
não para, caminha
e uma pétala se desperdiçou
gritava
caminha
caminha
e pétala caía
caminha
caminha
meu murchar se avizinha
não para anjo de voar
voou
nunca esqueceu
nunca esquecerá
zeloso guardador
agora tem a flor
seca
dentro do diário
onde relata a tua vida

domingo, 17 de março de 2019

eu te amo?

sempre autorreferente mesmo que não queira

o que podemos?
visto de longe
um modelo de montanha
que parece, me cai bem
visto, sinuosa, silhueta
tanto comum quanto vadio
aquele deslize
doer de mãos
pra esquerda ou direita
perece a mente, o tempo e a atenção
minutos depois
as bobagens para sim e para não
estão
passeio
a passeio
estão
pra sim
e pra não
quantas vezes olhar pela janela?
quantas vezes mirar no futuro?
quantas vezes lutar?
as porras todas estão caindo na cabeça
parece um sol de uma luz que nunca se viu
instrumentos vasculham verdade e poesia
mas não são, não são
repete palavras
articula os fonemas
obedece a uma própria métrica
em vão
se estabelece tanto entre o zero e o nada
que acaba


sexta-feira, 8 de março de 2019

pelas ruas da memória

as velhas ruas já não são mais
as velhas ruas que um dia nos viu
os imóveis, a noite, as sombras
são tudo um resto de nós, não mais
as velhas memórias já não tem mais valor
o hoje intenso já roubou os espaços
guardada, entalada, espremida
a memória vacila, concede, padece
e as velhas partes permanecem pra mim
eu vi um velho triste, típico triste e era eu
vagando ao volante quarenta por hora
a velocidade que pede pro tempo não correr
não faz ou faz ano
quase ano, quase faz
o que um ano de ausência é pra mim
pra você é não mais
que ruas
as que passo pra tentar pertencer
o que era ontem
o que vai ser
não faz, por favor, não faz
não completa
incompleta
sem alma

de nascer

quem quiser  quem for ver vai dizer que o tempo passou voando não vai mentir vai sentir um vento na cara, natureza talvez sorrir parece que ...