sábado, 23 de novembro de 2019

eNcantada

Que fixe
Registre-se
Te olho e não paro
Vou pra além do sorriso
Da graça
Da piada
Da brincadeira
Te olho e te olho
Por dentro
Todo platônico
Todo bobo
Como quem se apaixona por uma novela das 8
Por puro prazer
Por puro você
Te olho e te olho
E parece
Um pequeno início
De algo maior
Por enquanto
Encanta

domingo, 17 de novembro de 2019

Inconcreto

Parei de encontrar desculpas
Deixei o concreto se armar
Talvez eu não fosse humano
Mas hoje me coloco a tentar

Rimei ritimado um bom tempo
Solei, sincopei, distraí
Por isso sempre tudo tão aberto
Por isso entendi que entendi

Meu corpo liberta o poema preso em mim
O mesmo que antes escrevia por amor
Sabia que tudo podia terminar
Mas nunca pensei o sabor

O gosto amargo que engulo já há um tempo
Não mais me apavoro ao sentir
Só é o mesmo que sempre recebi
Só é o mesmo que eu sempre ofereci

Às vezes não é nunca um alto lá
Meu olho jamais parou de ver você
Se fecho ele enxerga,
Se abro ele nega, mas vê

Não há sabotagem
Há tua paisagem que passa feito um oásis do mal
Não há miragem que simule
Meu devastado estado mental

São lamentos-tentativas
São delírios, consciência de dor, letais
Vão morrendo o que encontram pela frente (ou pelo dentro)
Cada vez um pouco mais

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

corpo coração

Sombra, passaporte pro medinho de isso ser somente assim
Sonho em uns segundos o que eu mais queria ser
Tempo é tempestade que só passa sem você
Somo com risquinhos em minha cela os tantos dias sem te ver

Queria o comum
Queria o simplão
É foda, confesso
Adeus solução
A ver
navios
sou eu
um cargueiro lento
carregado de passado
um péssimo poeta

tantas vezes já tentei mudar
do porto ao quarto
quem se segura em contradição?

já minto pra mim
já minto pro analista
já minto a idade
já minto que odeio
porque na verdade amo

como é que você me pede: não sofre
se é tua mão que vai esmagando tudo por dentro
agora não tem mais orgãos, é só corpo e coração
o meu corpo é coração, aperta

esmaga mais forte
e completa o que você começou

Poema cotidiano

E se a gente juntasse as flores que caíram,
Puséssemos de volta no lugar,
Adubássemos a raiz,
E fizéssemos vigília pra tudo novamente germinar?

Eu falei bem sério com meu coração
Ele disse: tudo bem
Ele disse: manda a ver
Manda a ver que eu bato
Sou coração
Não sou qualquer um
Sou aquilo que já viveu
Desde sempre dentro de você
Te conheço e me refaço
A cada dia que eu te faço sofrer

A razão interfere
O cérebro é signo de terra
Tá lá em cima na cabeça
Mas bota mesmo é o pé no chão

O tempo é relativo, tá lá fora
Esse muito ainda é pouco pra quem espera como eu
Mas o suficiente pra você se dar conta de que eu to aqui
Tempo escapa, ninguém pega

Tornamos tudo isso sério demais
Sonhei pra vida inteira
Mas acabou antes do fim

Vai saber
Se amanhã eu viro a esquina e dou de cara com você
A gente não aguenta, se beija
E a vida fica assim mesmo
Tão cotidiana como esse poema



segunda-feira, 4 de novembro de 2019

E por falar em saudade

Segura a onda
A onda vai
A onda vem
Segura
Olha em volta
Respira
E vai
Levanta
Pensa
Tá bem?
O vento que vem bate suave no rosto
Manda o calor e a maldade embora
Aos poucos,
Essa memória,
Flashbacks de horror,
Vai embaçando
E você vai vivendo
Vai lendo
Vai vendo
Vai sendo alguém de novo
Vem vento
Bate no rosto
Vai calor
Sai maldade
Eu suportei tanto
E
Pra quem achava que ia morrer sem você
Até que eu to vivendo bem

domingo, 3 de novembro de 2019

Supre o teu desejo

Supre o teu desejo
Tuas mentiras
Teus caprichos
Em outro beijo
Mas vive
O imprevisível
Vive acossado
Pesadamente
Anos roubados
De mim
Sofre mais que ninguém
Sustenta
Provém
O que não quer dizer que nunca mais me olhou
Semana passada pensei nesses senãos
Já a partir dessa
São
Apenas coisa-solta-perdida-aqui-por-dentro
Onde foi mesmo que deixou a chave mestra cair?
Perdeu em tuas mitologias
Deixou pousar no fundo de um poço
Cedeu a si mesmo e à sua antipatia
Quem culpa agora?
Quem não faz tua vida andar?
Já que antes cancelou felicidades
O que será que hoje anda a cancelar?
Não importa
São papéis picados na ventania
Jogados de um arranha céu
Lá embaixo estive muito
Tentando pegar pedaço por pedaço
Pra montar o quebra cabeça
Da tua omissão



de nascer

quem quiser  quem for ver vai dizer que o tempo passou voando não vai mentir vai sentir um vento na cara, natureza talvez sorrir parece que ...