quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Trump

Hey Trump
Vai tomar no cu
I'll never gonna
Te pedir um trampo
I wish
Que você take a tranco
Who knows
Você se estrepa

Who knows

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Como fazer arroz?

Corte cabeças
De alho
Bem picadinho

Use uma xícara de chá
Pra medir a quantidade de arroz
Tem gente que lava
Tem gente que não
Se você for lavar
Lave numa peneira
Ou lava-arroz

Enquanto o arroz escorre...

Pegue uma panela com tampa
Coloque um fio de óleo ou azeite
Acenda o fogo
Frite o alho
Fogo alto queima o alho
Fogo médio é melhor
Antes do alho começar a queimar
Jogue o arroz na panela

Mexa
Com uma colher de pau
Ou
Mexa
Com uma colher de silicone
Seu objetivo:
não deixar o o arroz grudar na panela
Mexa
Pro alho e o azeite se misturarem com o arroz

A água:
Tem gente que ferve
Tem gente que não
Se for ferver
A água entra agora
Coloque água até que fique dois dedos acima do arroz
Mexa essa grande piscina de arroz que irá se formar na panela
Coloque o sal, prove a água da piscina
Se achar que está sem sal pense duas vezes
Sal faz mal e é exatamente nesse momento que a gente salga o arroz

Coloque em fogo alto
O objetivo agora é que a água seque
Coloque a tampa, mas sem tampar completamente
Deixe uma boa fresta para o vapor sair
Se você tampar agora a água ferve e acontece a mesma coisa de quando o leite ferve, avacalha todo o fogão
Fique atento(a)

Assim que a água secar,
Não deixe secar por completo, porque senão queimará o seu arroz.
Esse secar, é deixando o mínimo de água embaixo do arroz pra ele não queimar
Mas a parte de cima já estará sem a piscina

Coloque mais água sem fazer piscina de novo
A água agora é apenas para molhar o arroz
Agora você não pode por água acima do arroz, senão ele empapa
Abaixe o fogo, deixe no mínimo possível
Tampe a panela por completo

Assim que a água secar por completo,
Tomando cuidado para não deixar queimar,
Estará pronto seu arroz

Coma!


Como perder a timidez?

Rasgue um pouco de si
Confie um pouco em você
Reaja ao que tiver que reagir
Não pense em agradar
Apenas seja você mesmo

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

domingo, 1 de dezembro de 2019

desculpe o transtorno

preparo aquilo o que é preciso preparar
eu saio sem ver
eu lido com isso
eu luto
eu choro
eu sei entender
eu removo o meu bom senso
eu comovo pela minha solidão
eu vejo
eu sinto
eu não sei bem o que fazer
o total dessa soma
é o resultado do que você me tirou
menos o que eu ainda não me tornei
tem equação de todo tipo
pra explicar cientificamente essa ilusão
sou tudo
o todo
assim mudo
assunto pra um bom desespero
meu espelho
meu transtorno dismórfico
minhas músicas antigas
perguntei pro universo se eu só sabia falar de amor
não obtive resposta além de um número 42
joguei no Google
deu qualquer coisa entre Jagged Little Pill
e So-Called Chaos
meus álbuns preferidos da Alanis
compreendo o universo tentando me prender
depois vejo a sacanagem e já mando se fuder
e as mesmas mágoas voltam enquanto espalho shampoo no cabelo
ou quando hiperventilo na esteira
até mesmo ao fazer um simples molho fresco
sou sincero comigo
me engano com a maior consciência
o faço porque preciso
necessito fingir
acreditar
permanecer a mentir
como quem não faz a menor ideia
ou como quem tem a maior das seguranças
uma racionalidade mais burra que qualquer teimosia
estúpido
cego às intuições
fálico
nu
textocêntrico
ninguém
consertando tudo que já estraguei correndo atrás do tempo que insisto em achar que perdi

sábado, 23 de novembro de 2019

eNcantada

Que fixe
Registre-se
Te olho e não paro
Vou pra além do sorriso
Da graça
Da piada
Da brincadeira
Te olho e te olho
Por dentro
Todo platônico
Todo bobo
Como quem se apaixona por uma novela das 8
Por puro prazer
Por puro você
Te olho e te olho
E parece
Um pequeno início
De algo maior
Por enquanto
Encanta

domingo, 17 de novembro de 2019

Inconcreto

Parei de encontrar desculpas
Deixei o concreto se armar
Talvez eu não fosse humano
Mas hoje me coloco a tentar

Rimei ritimado um bom tempo
Solei, sincopei, distraí
Por isso sempre tudo tão aberto
Por isso entendi que entendi

Meu corpo liberta o poema preso em mim
O mesmo que antes escrevia por amor
Sabia que tudo podia terminar
Mas nunca pensei o sabor

O gosto amargo que engulo já há um tempo
Não mais me apavoro ao sentir
Só é o mesmo que sempre recebi
Só é o mesmo que eu sempre ofereci

Às vezes não é nunca um alto lá
Meu olho jamais parou de ver você
Se fecho ele enxerga,
Se abro ele nega, mas vê

Não há sabotagem
Há tua paisagem que passa feito um oásis do mal
Não há miragem que simule
Meu devastado estado mental

São lamentos-tentativas
São delírios, consciência de dor, letais
Vão morrendo o que encontram pela frente (ou pelo dentro)
Cada vez um pouco mais

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

corpo coração

Sombra, passaporte pro medinho de isso ser somente assim
Sonho em uns segundos o que eu mais queria ser
Tempo é tempestade que só passa sem você
Somo com risquinhos em minha cela os tantos dias sem te ver

Queria o comum
Queria o simplão
É foda, confesso
Adeus solução
A ver
navios
sou eu
um cargueiro lento
carregado de passado
um péssimo poeta

tantas vezes já tentei mudar
do porto ao quarto
quem se segura em contradição?

já minto pra mim
já minto pro analista
já minto a idade
já minto que odeio
porque na verdade amo

como é que você me pede: não sofre
se é tua mão que vai esmagando tudo por dentro
agora não tem mais orgãos, é só corpo e coração
o meu corpo é coração, aperta

esmaga mais forte
e completa o que você começou

Poema cotidiano

E se a gente juntasse as flores que caíram,
Puséssemos de volta no lugar,
Adubássemos a raiz,
E fizéssemos vigília pra tudo novamente germinar?

Eu falei bem sério com meu coração
Ele disse: tudo bem
Ele disse: manda a ver
Manda a ver que eu bato
Sou coração
Não sou qualquer um
Sou aquilo que já viveu
Desde sempre dentro de você
Te conheço e me refaço
A cada dia que eu te faço sofrer

A razão interfere
O cérebro é signo de terra
Tá lá em cima na cabeça
Mas bota mesmo é o pé no chão

O tempo é relativo, tá lá fora
Esse muito ainda é pouco pra quem espera como eu
Mas o suficiente pra você se dar conta de que eu to aqui
Tempo escapa, ninguém pega

Tornamos tudo isso sério demais
Sonhei pra vida inteira
Mas acabou antes do fim

Vai saber
Se amanhã eu viro a esquina e dou de cara com você
A gente não aguenta, se beija
E a vida fica assim mesmo
Tão cotidiana como esse poema



segunda-feira, 4 de novembro de 2019

E por falar em saudade

Segura a onda
A onda vai
A onda vem
Segura
Olha em volta
Respira
E vai
Levanta
Pensa
Tá bem?
O vento que vem bate suave no rosto
Manda o calor e a maldade embora
Aos poucos,
Essa memória,
Flashbacks de horror,
Vai embaçando
E você vai vivendo
Vai lendo
Vai vendo
Vai sendo alguém de novo
Vem vento
Bate no rosto
Vai calor
Sai maldade
Eu suportei tanto
E
Pra quem achava que ia morrer sem você
Até que eu to vivendo bem

domingo, 3 de novembro de 2019

Supre o teu desejo

Supre o teu desejo
Tuas mentiras
Teus caprichos
Em outro beijo
Mas vive
O imprevisível
Vive acossado
Pesadamente
Anos roubados
De mim
Sofre mais que ninguém
Sustenta
Provém
O que não quer dizer que nunca mais me olhou
Semana passada pensei nesses senãos
Já a partir dessa
São
Apenas coisa-solta-perdida-aqui-por-dentro
Onde foi mesmo que deixou a chave mestra cair?
Perdeu em tuas mitologias
Deixou pousar no fundo de um poço
Cedeu a si mesmo e à sua antipatia
Quem culpa agora?
Quem não faz tua vida andar?
Já que antes cancelou felicidades
O que será que hoje anda a cancelar?
Não importa
São papéis picados na ventania
Jogados de um arranha céu
Lá embaixo estive muito
Tentando pegar pedaço por pedaço
Pra montar o quebra cabeça
Da tua omissão



terça-feira, 29 de outubro de 2019

vendo um filme da tua perversidade passar

eu quero ver você
fritar que nem pipoca
ver tua pressão subir
olhar tua voz sumir
de tanto berro sem direção
quero tua jugular saltada
teu olho estalado
o teu cuspe
mais
que a tua palavra
esbraveja
morde
se enfeza
quero ver você dizer
chega
deu
perder o ar
quero
nessa hora
quero você consciente
vendo um filme
da tua perversidade passar
sem exílio
sem prisão
apenas vendo
o filme
e sem parar
da tua
sem nunca mais parar
perversidade
passar

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

... de gim

Toda e qualquer performance sexual não iria te tirar do objetivo de nunca mais me ver. Abandonado no hotel estou atento aos gemidos dos vizinhos de quarto, que escuto pelo respiro do banheiro. Você já gozou e saiu, eu apenas percebo o quanto ele bate, suponho, na bunda dela. Ela está aos gritos, aquilo deve ser bom, ela pede mais e eu tomo banho. Estaria excitado se não tivesse deixando a água me limpar de você e percebendo que, talvez, podíamos ter permanecido sem essa última transa. Hoje foi nossa última noite, mas talvez naquele chuveiro eu ainda não saiba. Quando acordei, não pensei jamais que reviveríamos o sexo apaixonado e impactante dos anos iniciais da nossa relação. Eu estava certo. Não foi bom. Não foi. Não revivemos nada. Ali enquanto decidíamos fazer isso, condições eram impostas. Era muito mais interessante deixar rolar aquela estação de rádio de música dos anos 70, dessas que nos fazem viajar numa nostalgia de algo nunca antes vivido. E assim termos decidido apenas dormir juntos. Dentro de um roupão, percebendo sua ausência e ao pé da cama ameaço um choro soluçado, mas penso que paredes têm ouvidos. Me intriga o papel de parede. Se aquele papel de parede de arabescos em marrom com fundo salmão falasse, narraria novelas inteiras com histórias inventadas dos hóspedes que haviam passado por lá. É que olho fixamente pros arabescos que dançam ao som de "If you leave me now" cantada por essa banda Chicago anunciada por uma voz suave. Não poderia ser mais ilustrativa: OOOoOoOOOOooohhh please don't go. Famosa. Sei lá, é música que a gente sabe. Canções que pedem pra você não ir, jamais adiantariam depois de tanto ensaiar essa partida. Eu fico e você vai. Eu enrolado no roupão, sentado na cama, olhando arabesco e você ganhando a rua, sua sonhada liberdade. Emancipado. Eu quero chorar, mas a próxima música a tocar é "Young Hearts Run Free". Lembro que sou jovem, mas que você é mais jovem ainda. Me questiono se roubei sua juventude ao te amarrar aos 21 e te ver sair pela porta aos quase 30. Esses corações que correm livres precisam de muita coragem pra se estabelecer em outros peitos. E se alguma informação bater será apenas para dar mais veracidade à ficção. Eu sumo por mais alguns instantes. Uns leves apagões de sono, seguidos de solavancos tão urgentes, quanto essa nova realidade. Por que você apareceu depois desse tempo todo? Por quê? Está calor. O ar não dá conta. Barry White. Sai roupão. A cama é a única testemunha do nu, que no meu delírio embriagado é um nu artístico. De bruços e bem espalhado. O toque do lençol egípcio. "É caro sim meu amor", divaga meu pensamento mesquinho, "não ficou, porque não quis" - continuo. Rio só. Calor com ar no 15. Lamento e logo em seguida, pela primeira vez passo a não te dar tanta importância. Não caí de amores porque você me ofereceu um gim e eu achei chic. Jurava que nem de vinho você gostava. Esse bar do hotel. Arabesco ahahahahahaha. Você veio mesmo? O que é essa mão de deus apertando minha garganta? Um gosto de remédio, um sono súbito e uma falta de ar. Palpito. É você saindo de mim. Será que eu vou sentir isso pela última vez? Isso tudo que você continua me causando. O quanto você me deixou doente. Aquilo que você colocou no meu gim, parece que finalmente vai fazer o efeito desejado. Você vai sair pra não me ver morrer e espero que esteja feliz por ter conseguido me matar. Aqui estou radiante por você ter se livrado de mim. Aquela bebida forte. Um pouco mais pra ser mais rápido por favor e em um minuto estarei definitivamente livre de você. Não poderia ter sido mais genial. Quarto de hotel, Copacabana, overdose, papel de parede fancy, antena 1, num futuro que poderia ser agora. Obrigado por fazer eu me livrar de você. Você pensou em tudo. Tende piedade de nós era uma oração?

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Mais uma

É que tudo se torna gatilho quando a gente está frágil. E tudo se torna frágil quando as certezas se vão. Eu era tão cheio delas, hoje não. Percorri teu bairro como percorri teu corpo, mas não te achei nem aqui nem em lugar nenhum. Subi as escadas que davam pra tua janela, não vi a olho nu, nada. Eu estava acostumado a falhar no luto, relutar. Em meio segundo eu já perdi a inspiração, me perco como em tudo nessa vida. É disso que eu tô falando. Desse foco que não sai do seu país, do país você. Esse blog era, inclusive, em primeira pessoa. Agora ele é o quem tem, onde se vem e diz, apenas solta, desmancha-se em palavras, em letras e finalmente as engole, porque jamais as ousaria dizer por aí. Anos, meses, horas e tudo mais que vai ter que passar pra eu ter coragem de olhar com sinceridade pra mim mesmo no espelho. Esse melodrama, esse sofrimento contido, essa angústia disfarçada de poema e esse lençol testemunha do que antes podia se chamar de amor e hoje de todas as tentativas de recuperar o tempo perdido. Eu me sinto uma rua esburacada por onde os carros passam e se estropiam, por onde os homens maus passam e se irritam, os homens maus me xingam, cospem, esbravejando com ira minha existência. Eu sempre fingi auto-estima, eu sempre fingi sorrisos, eu sempre fingi que não ligava e olha no que deu. Agora nem os pássaros vem cantar na minha janela, eles gritam e eu grito, sangro e escorro pra ser bem fatalista. A corda continua bamba, as músicas continuam sendo feitas, as bandas continuam existindo e os gatilhos continuam disparando o terror na minha cabeça. Cercado de tanta confusão eu vou percebendo quanta miséria eu evitei presenciar na vida. E o pior, descobri que aqueles medos que a gente mais sente, acontecem. Eu sou meu próprio tribunal, minha própria justiça, minha própria sentença, sou inegavelmente responsável. Miseravelmente responsável, irritantemente responsável, talvez seja um pouco isso a causa de tanta junção ter se transformado no mais completo apartheid. Agora que outras músicas já, obviamente, fazem parte de um novo repertório de encontros percebo a frieza de Coldplay, um gatilho frio e cirúrgico dessa arma química localizada dentro da minha cabeça que, ao disparar, me faz lembrar de você.

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Títulos

PHD em dor
Especialista em fundo do poço
Perito em solidão
Expert em papel de trouxa
O melhor em sofrimento
Habilitado em bad
Título de perdedor
Proficiência em depressão
Noções de não saber seguir
Formado em sempre ser deixado
Campeão em abandono
Graduado em rejeição
Mestre em estragar tudo
Doutor em fingir que está tudo bem
Craque em pensar em você
Recordista em tempo perdido
Medalhista em bola fora
Finalista em ver você “feliz”

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Vitimismo

Eu vou me envolver
Sem esperar
Sem mais
Não estou absorto
Estou consciente
Vejo tudo
E quero ver
Não removo nada
Eu sou minha assinatura
Sobrei
Mas não sei
Se tem que dar em algum lugar
Não vou latir
Não vou trair
Vou me atirar em teu colo
Como se eu pudesse apagar
Horas
Dias
Memórias
E as idas e vindas
Intermináveis
Tais quais as dores
Que não se entenderam cicatriz
Não vou negar
E não vou querer
Mas se ouvir seu sussurro
Hei de atender
Vou fazer tua existência poesia
Vou lucrar com a nossa história
Vou passar tua roupa
Com a brasa do meu corpo
Então tomo o teu copo
Sinto teu hálito
Apago o abajur
E bem devagar
Vou entrar em você
Eu vou entrar em você
Vou me procurar lá por dentro
E me achando ou não
Vou tornar a perder
Não acostuma-se assim tão fácil
Com qualquer coisa que vai


quinta-feira, 25 de julho de 2019

Dentro

A carta aberta escrita a punho
Some livre pelo mar, corrente a levou
Esquecida e engarrafada
A verdade se escondeu
Partiu pra quem sabe encontrar
O mundo, o fora, pro segredo que guardou
Trancada
E a liberdade em seu sentido tão vão
Foi a oeste, atracou, ninguém a viu
Voltou, circulou marítima
Avistou um marinheiro, não ligou
Ninguém jamais lerá
Não vai extrair poesia
Nem sempre é possível acertar
Não vai achar beleza
Não vai ser uma obra
Não abrirá a garrafa
Não acharão o que disse
Nunca mais


quarta-feira, 24 de julho de 2019

Protocolo do teu drama

Toda lama
Embaixo a cama
Um acinte
Uma Afrodite
Acenando pro cortejo lento
Do teu corpo
Teu momento
Fronte destacada
Pelo sangue
Gotejante
Gotejante
Gotejante
O teu amor
O eu amante
O que era e não é mais
A trombeta assoprada pelo diabo
Não altera, não me destrói
Não separa, não resvala
Trepam ali no meio, ao som de gemidos, se desesperam
Correm em direção ao teu direito
Não se dispersam, só se atropelam
Não se conduzem, são ventania
Principia tua má sina
Nos batuques sincopados, tamborins e colombinas
Sambarão tua morte o quanto antes ela se anunciar
Dançam anedotas descartadas de outras cortes
Usam teu perfume separando o bom olor
E se entregam, se sacrificam
Se contradizem
Contabilizam
Não são corpos
É o teu
É só teu corpo
Que já foi meu
Sendo tua a chave mestra que abre as portas do meu eu
Eu entrego uma coroa, mas também a maldição
Seja feliz até enjoar
O teu copo de veneno nem precisa esperar
Já estará pelo teu dentro
De bater, o som que vai ouvir
Começa pela bateria
Termina pela batedeira
A paradinha fica sendo a tua alma indo embora
Dançante, mas aliviada da tua maldade
Sobe junto o teu samba
Mal acabado

quarta-feira, 3 de julho de 2019

poema detox n1

tanto me faz prisioneiro
a palavra inteiro
o gesto, o fato, o gosto ruim
presa e preso a casa inteira
o medo, a primeira
coisa de não se espelhar
olha e avista o tal modelo
repulsa, afasta, anseio
do que não se quer
do que não fazer
tem se mostrado um veneno
filosofia vagabunda
de(vir) e remeter
mas quantos anos foram
quantos danos feitos
quantos rejeitos
queria que voltasse belo
uma beleza
concretude e poesia
coisa de alegrar
voltaria o belo bem corrido
bem rimado, bem pensado
mas,
não passam de lixos mentais
mas quantos mais
pra limpar
quantos precisar
quantos
poemas

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Cidade alta

Subi por Santa Teresa
Cheguei no alto, mirei o relógio
Mirei o relógio da Central
Contei as horas
Contei os dias
Santa total
Uma droga pesada
E um sino
Tocado rápido
Sintético
Pensei que te dei
Santa, Copa, Glória
Lapa
Centro
História
E um pouco de filosofia
De arte, de energia
Fôlego
Tempo
Conforto
Coragem
E um pouco mais de si
Coloquei e tirei amor
Na proporção que não vem ao caso assumir
Poesia é a melhor mentira a se construir
Mentiras íntimas
Daquelas escondidas de quem
Ao lado deita, dorme e se entrega
Miragem
O relógio
A Central do Brasil
O mundo acontecendo
Fora do quintal de onde saiu
Rebate
Como bala
Como doce
E as horas que não obedecem
Ficam passando
Passando
Tortura
Apagão
Camas cariocas
Incontáveis


torço

mãos nos cachos dos cabelos
os seus
pelos
claros
vezes tintos
barba rala ou cheia
peito bem servido
boca
de beijos
molhados
encaixados
beijos fundos
cócegas de línguas
um abraço apertado
sonhado
o beijo em pé
o espanto até
acordar e achar fofo
aos poucos
e muito lentamente
a memória vai só pregando peças
vai dizendo o contrário
do status dado
do que é
realidade
torço



terça-feira, 25 de junho de 2019

Treva inn

atormentado
de doer
de ver
de ser
dever
descer
dedo erguer
música
luta
lado errado
na hora certa
nada acerta
meu juízo
altas cifras
baixas riquezas
sementes de incertezas
realmente
realmente
corrompe
abandona
rejeita
e vai

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Nervosinho

Eu parto de um porto
Onde o ponto parece
O final
Eu sou igual
Animal
Temporal
Tempestade
O copo d'água
Um the end
Onde não devia acabar
Um pescoço pra vampiro
Um desperdício
Jorrando por aí
Me alimentando de migalha
Me sendo
Como o melhor papel que eu poderia representar
Eu não sigo a gíria do momento
Eu não sou o mais descolado
Eu não manjo de pop
E não to ligado nos paranauê
Mas posso ser
Posso estar
Posso tentar acompanhar
Ter motivos dados
Não supero essa apatia
E não espero superar
Mundo
Vai me deixando bem noiado
Vai
Tão criando um monstro
Que vai voltar mais forte do que nunca
De um the end
Pra parte 2

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Você tem?

Penso a pior palavra
Não crio mais tanto
No estopim de mim
Não crio além de rugas
Além de fios
Brancos
Preocupações
Danos
Não crio expectativas
Não acredito
Apesar de criar
Não sussurro
Não pelejo
Tomo forma
Sou teu beijo
Quando me afunda todo esse teu afã
Traduz minha sede pela água do teu suor
Machuca a carne de apertar não poder mais
Suporto sôfrego, sou todos ais
Os tais que a tua força causou
Você me castiga com o que tem
E eu me reduzo ao teu dispor
Uma besta domada
A fera açoitada
O repúdio, o rancor
Faltou você dizer eu quero
Pra eu ferrar meu mundo em amor
Ao amar
A gente só dá o que tem
Você tem?
Sou muito mais do que eu poderia aguentar
Sou muito menos do que eu deveria ter
O pelo, a pele, apelam, apenas
Pra mim
Fraco do teu corpo em tudo que eu sou
Lebre por gato
Ou o que vale mais?
Atende
Estrela
Aquela que vi
Cadente
O que eu te pedi
Me dá um pouco mais

sábado, 18 de maio de 2019

Para acreditar

Deixei
Não previ
Paguei
Como sempre
E vi
Eu de longe
De perto
Debaixo
Incerto
Hoje eu hesitei
Não quis
Mas não quero
E disse
Morreu
Espero
Ver concreto
Por sobre teu teto
Parei
De desejar
O fim meu
Pra desejar
O teu
Simulo a visão
Pra acreditar
E repito
Morreu

sexta-feira, 3 de maio de 2019

fade out

quando em quando é assim
falar deixar vir
esse sono atroz
esse plano piloto
fazendo acontecer 
um corrosivo nada
essa fome audaz
esse senhor glutão
saudando gentes várias
outras mães depois
esse estágio lúcido
dessas mentiras tais
os olhos são pesados
e os pensamentos mais
filha e filho
voo um 
e o sem porquê
tem dias que acordo
tendo raiva de você
luta 10
talvez 11 + 1
passa o que passa
tem algo da ordem do comum
eu desapareci



quinta-feira, 25 de abril de 2019

A jornada do-eu

A
Mas se eu não viesse
Parece que não ia ser bem eu
Essa nova pessoa
Essa nova visão
Como a gente aprende
Todo dia

Tr3zentos
e 6essenta
e 5inco dias

Essa nova jornada
Essa nova lição
As vezes erro o caminho do pensamento
Vou parar por horas no endereço errado

Vou parar por dias

Vou parar

As vezes eu preciso parar

Peito carregado
Não de tosse,
Coração

Mente cheia
Não de clareza,
Recordação

Eu não imaginava viver a jornada mais difícil da minha vida

domingo, 21 de abril de 2019

tira fora o -

eu pensei
pensei tanto e tão eu
pensei
quanto foi
quanto
vai ser
parei
pra pensar
parei
de acreditar
atrás da janela
no pote
escondida essa doce ilusão
costumes de heróis
brinquedos pagãos
entre tanto a venerar
restava o pau e a mão
separações
caixas de coração
cada cor
ação de dois
vermelho ou preto
uns pros sins
outros pros nãos
sim, não se poderá medir o tamanho desse amor pelo metro curto dos erros
não, sim, é sim o grande amor da vida, ainda

segunda-feira, 15 de abril de 2019

menino de recado

quando você entra aqui
eu abro a porta
eu grito um oi

já você quando entra aqui
sabe que tem coisa que você não sabe
jamais vai saber

você procura elo

e você pelo em ovo

a minha vida um livro aberto
concreta nessas palavras desconexas

mas vem de todo lugar
gente que repousa aqui
vem quem eu quero que venha
vem quem eu também não

esses dias foram 100 visitas
num único dia
100
pra um blog de poemas?

poeta
anonimato
escrita
desconstrução

e acessam meu histórico
vasculham o sentimento

livro aberto
é o que eu tenho aqui por dentro

palavras
as letras
os sons

mas pra você tudo bem
já pra você eu não sei

tomara que eu assalte a tua mente em sonho
te pegue e te leve pra tomar um café
tomara que eu habite teu pesadelo
pra você ver o que pra tosse é bom

impresionante



sábado, 6 de abril de 2019

Invalidade

meu barco despenca
no horizonte
da minha terra plana

minha boca resseca
na cantoria
do hino do país

minha cerveja esquenta
no verão
de uma fakopacabana

minha música para
no momento
de um provável bis

como é possível andar para trás em segundos?
como é possível pegar essa merda com a mão?

não é mais apenas uma visão de mundo

é delírio
contém conservantes
e venceu há um tempão

segunda-feira, 1 de abril de 2019

se procurar bem tem Hamlet aí

eu achei sentido
do que restou
o que se fazer
criar uma poética toda
recriar
não reviver
a gente pinta o melhor da memória
a gente passa o verniz que lhe cai bem
fazer o quê
é ser assim
ou não ser
esta é a pergunta
a questão
não ser
ao passo que
é
poética
pega-se tudo
cria-se um mundo
e qualquer verdade agora
já seria a mais pura invenção
teu lábio é uma febre
que bota doçura e veneno
tua vida um documentário
transforma o passado no pó
que inalo pra te compensar
reivindica assopros
lufadas de ar
tua mesa é teu cinema
tua cama incendiária
separa tua ação do que realmente pensa
e em um ato
com ou sem poética
cai o pano da tua encenação

quinta-feira, 28 de março de 2019

mea culpa

esse seu sorriso
o meu sonho
o meu pedido
só veio de outro jeito
poderia ficar triste
mas eu luto pra acreditar
que ta tudo bem
e ficar bem
de te ver sorrir
que bom
que bom
fico feliz
me esforço mesmo
desculpa por não ter conseguido
fazer brotar
essa felicidade
que hoje você transborda

terça-feira, 19 de março de 2019

anjo

as vezes me perdendo
vou me achando
nessa bagunça que eu mesmo
me criei
soletro emoções
pra senti-las menos rápido
transporto
perco e ganho
com a mesma rapidez
há quem atribua à sorte
há quem deslegitime o esforço
mas há no pouco que há em mim
um pouco que fala
atravessei essa respiração como um acidente em teu país
separei meus pedaços em médio, bom e ruim
capturei a cor do teu temperamento
espalhei por dentro as migalhas recusadas por aí
quando o rumo diz da falta
tem socorro, tem de piedade de nós
reza tuas salve-rainhas
pratica a fé que te atende
teu santo anjo
esfrega a vista e vê
pousa de asa grande
delta
pousa na cabeça
repara o teu mal
diz ele que
seguia a tua estrada
mas um som desconhecido o desviou
a flor gritava tão sozinha
não para, caminha
e uma pétala se desperdiçou
gritava
caminha
caminha
e pétala caía
caminha
caminha
meu murchar se avizinha
não para anjo de voar
voou
nunca esqueceu
nunca esquecerá
zeloso guardador
agora tem a flor
seca
dentro do diário
onde relata a tua vida

domingo, 17 de março de 2019

eu te amo?

sempre autorreferente mesmo que não queira

o que podemos?
visto de longe
um modelo de montanha
que parece, me cai bem
visto, sinuosa, silhueta
tanto comum quanto vadio
aquele deslize
doer de mãos
pra esquerda ou direita
perece a mente, o tempo e a atenção
minutos depois
as bobagens para sim e para não
estão
passeio
a passeio
estão
pra sim
e pra não
quantas vezes olhar pela janela?
quantas vezes mirar no futuro?
quantas vezes lutar?
as porras todas estão caindo na cabeça
parece um sol de uma luz que nunca se viu
instrumentos vasculham verdade e poesia
mas não são, não são
repete palavras
articula os fonemas
obedece a uma própria métrica
em vão
se estabelece tanto entre o zero e o nada
que acaba


sexta-feira, 8 de março de 2019

pelas ruas da memória

as velhas ruas já não são mais
as velhas ruas que um dia nos viu
os imóveis, a noite, as sombras
são tudo um resto de nós, não mais
as velhas memórias já não tem mais valor
o hoje intenso já roubou os espaços
guardada, entalada, espremida
a memória vacila, concede, padece
e as velhas partes permanecem pra mim
eu vi um velho triste, típico triste e era eu
vagando ao volante quarenta por hora
a velocidade que pede pro tempo não correr
não faz ou faz ano
quase ano, quase faz
o que um ano de ausência é pra mim
pra você é não mais
que ruas
as que passo pra tentar pertencer
o que era ontem
o que vai ser
não faz, por favor, não faz
não completa
incompleta
sem alma

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Retomada

Tarde chega e me fala em escrever
Traduzir meus sentimentos por você
Testemunhar minha ansiedade
Falar mais de intensidade
Entender
Deixar rolar
É tão louco
Tempo todo
O tempo passar
É tão boa a sensação
De se entregar
Nunca disse
Talvez nunca vá dizer
Mas tem palavras
Esperando por você
É tão louco
E tão completa a sensação
De que algo feito pra mim
Se refira ao outro solenemente
A gente sempre se entrega pro outro na arte
E essa parte te dou
Trago um sorriso no rosto
E então vai ficando para trás
O espaço vazio
Lá não tinha o eu nem ninguém
São partes
Inverto os pronomes
E se era ele ou eu
Já não importa saber


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Drink clichê

Eu vou guardar meu melhor drink
Para brindar
A festa, a farra, o aleluia
O grito meu
Que após o tempo
Esses mil anos
Eu vou berrar
Felicidade ela vai ser
Te ver chegar
Pra esse seu olhar marejado
Pra sua boca entre sorrisos
Pro seu andar bem compassado
Pro seu pulmão que eu preciso
Preciso
É uma questão de respirar
Teu ar, teu ar
Pra refazer a nossa trama
Tear
Pra me deixar sonhar não custa
Teimar
Desengasgar um eu te amo
E amar
Fico indo e vindo no que eu acho uma sandice
Tem gente que me acusa de acreditar numa crendice
Mas se eu não sou um louco, um pateta, um sonhador
Pra que me serve essa dor?
Se eu não puder jamais rima-la com amor
Poetas são clichês
Poemas são clichês
Clichês são como eu
Parado no tempo sem a menor previsão de move on



quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Bom delírio

A entidade que me disse:
Vida que segue!
Canta, canta
Cantarola uma canção
Vida que segue
Que vida
Que segue?
Que vida!
Canção
Espalhada pelo caminho
Essas lágrimas
Esses sopros pra acordar
Coração fica amuado
Bate fraco
Não vê coração
Vê cara
Fecho olhos
Sonhos de heiki
Energia
Universo
Que eu vi
Mas o que não disse
É que você estava lá também
Tinha gato
Cachorro
Planta
Que delírio
Que delírio
Que delírio
Mas bom
Mas leve
Livre de cobrança
Sincero
Talvez um passo
Pra um amor
Que toma formas (outras)
Horas de papo
Conexão
Como se o tempo nunca tivesse passado







sábado, 19 de janeiro de 2019

À primeira pessoa

Teu nome é incenso
Um bálsamo
Esplendor
Não sei mais
Do que, pra quê
Cantou
Quando a cabeça começa seu limpa
Quando sonhar já me dita o agir
Agora sendo mais que nunca
Palavras saindo mais que o ato
Parece bom
Soa bem
Conforta
Esse moço bonito que eu sou
Da primeira pessoa
À primeira pessoa
Que se tornou
Entregue ao alheio
Desguardado
Outrora desabitado
Aqui
A salvo
De ser sugado
Da minha generosidade
Da minha garra
Da minha batalha
Da minha alegria de viver
Da minha conquista
Da minha perseverança
Da minha sorte
Da minha boa vontade
Da minha honestidade
Da minha sinceridade
Da minha ética
Da minha luz
Da minha beleza
Da minha ingenuidade
Ai ai

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Julgo

Queria te sentenciar
Um mau poema por dia
Seria tua penitência
Tua miséria
Um Sísifo poético
Rolando a pedra pesada
A pesada pedra
Que é ser quem você é
Te ataco com a tua fraqueza
Já que de franqueza você entende bem
Solta tua palavra
Como a pedra
Corre em desfiladeiro
Busca no baixo
Sobe no cima
E teu mau caratístmo deixa marcas

[continua...]



terça-feira, 1 de janeiro de 2019

É tão não ou feliz 2019 ou ó honesto boticário ou agora faz todo sentido você ler debaixo pra cima ou de cima pra baixo

Quando este escrito lido for
Já estarei no ano novo do porco
Avessa forma de começo
Rubricas e mais
Quando tudo voltar as casas do jogo
Já não será mais completa tradução
Tendo estado absorto, em tropeço
Horizontes frontais
Complica
Rebusca
Abarroca
Inventa
Revolta
Distrai
Tuas drogas são tão rápidas
Mas forte
Aguenta pancada
Bate uma, bate duas
Bate outra vez
Socos
Chutes
E ais
Só mais ouviu quem ficou dentro de mim
Não fui eu
Mesmo fugi
Pro lugar da memória
Que não fode
Não se apaga zaz-trás
Matéria e memória
O corpo e o espírito
Ave Bergson
Não tá só no cérebro
Não tá
Espraia
Vai pras coisas
Pessoas, cheiros
Situações
Músicas
Histórias
Legados
Nos detalhes do Roberto
E nem que
Estique
Uma tripa
Que a rima espicha
E desce
Sem qualquer distinção
É tão não

de nascer

quem quiser  quem for ver vai dizer que o tempo passou voando não vai mentir vai sentir um vento na cara, natureza talvez sorrir parece que ...