sexta-feira, 1 de maio de 2020

Palavra jorro

Sempre estou numa estrada escura quando escrevo um poema
Ao lado tem um matagal
Há um farol de carro que ilumina o que eu quero
Às vezes essa luz vira sol
Às vezes não
Às vezes esse sol não tá no céu
E nem no chão

Sou o leito
Os poemas, rios
Descansam em mim
Caudalosos
Até jorrarem
Meus desvarios

Irrompem em palavras

Atravessam a estrada
O escuro
O matagal

Alagam
Entrecruzam
Gravitam
Em direção ao litoral

Sobro eu, estrada, farol
Apago farol
A estrada ali
O escuro e eu
Em minha própria companhia

Até jorrar de novo







Nenhum comentário:

florada

tive que ir ali não ver não vir fali por que o mesmo que desejo é o tanto que desvejo? platônico antagônico antítese  de fato e fim paradoxo...