
Sem saber exatamente o que sentir, chorou por dentro ao
lamentar tão intenso nada. Por um momento sentiu a vida lhe dizer que seu sonho
de praticidade estava então, realizado.
Escutem, pois em nenhum momento será permitido redarguir qualquer dito e feito,
os desavisados não terão chance e os dissimulados sequer seriam citados, caso
não fossem suas presenças tão impostas como foram.
Nem tão longe assim, mas distante suficiente para levá-lo além de si, se
instaurou coisa alguma e sem cerimônias, desarranjou os sentidos dentro daquele
peito de coração batido, sem efeito, sem aperto, sem happy new year.
Em síntese, se for perguntado, caso ocorra, não falará. Não dirá um só verbo,
não terá um só gesto, não verá sequer um riso nervoso. Em seu íntimo a
proximidade de algo como um limbo poderá se comparar ao sentimento de já ter
vivido suficientemente para saber que mesmo sendo diferente, tudo é
perfeitamente e ludicamente igual.
Então irá tirar seus sapatos, arrancar de si as meias, afrouxar o cinto e se
recostar em algo que o acople ao conforto, tal qual o primeiro, conforto, experiência
quase uterina, vai dormir.
Ao acordar saberá que desperta ao mundo mais uma vez para refazer todas as
perguntas novamente.
O essencial é invisível aos olhos...
(Antoine de Saint-Exupéry)
Homero 02/01/2012