segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Prazer Júlia - Até que ponto?

para ler ouvindo L'absente - Yann Tiersen

É como expulsar o desejo
Purgar os sentidos
E a boca seca manter
Esse entrave
Essa hora que não passa
Esse aspecto de serenidade
Que é a mentira mais bem contada
NÃO
Não se aproxime
Nem por um momento se lembre de mim
Agora você vai virar de costas
Vai fechar os olhos e esquecer

Oi
Prazer, Júlia!
Você sabe a que horas passa o ônibus?
Não, é a primeira vez que venho aqui
Sim, 22h30, obrigada!
Não, não nos conhecemos de algum lugar nenhum
Será que passa esse frio?
Você não com frio não?
Vai acabar pegando um resfriado
Não, eu não dou papo a estranhos
Mas você me deu um cigarro
Me falou a hora que o ônibus passa
Não saio por aí falando com qualquer um, não
Não sou dessas
Ah já vai
Ta bom, valeu pelo cigarro!
Aí seu ônibus, até.
Foi
Oi
Você quer um cigarro?
Era daquele maluco que foi ali
Eu nem fumo, meu amigo. E ele me deu um cigarro.
Você sabe que só vai passar as 22h30 né?
É a primeira vez que você vem aqui?
Porque eu tenho a impressão que te conheço de nenhum lugar algum
Eu não sinto frio não.
Não tenho medo de resfriado, não.
Eu já vi que você não da papo à estranhos
Não é desses
Que desejo?
Que sentidos?
Que boca?
Do que você está falando?
Passa sim, vai chegar às 22h30!
Eu não sou serena, eu tomo remédios.
Mentira, eu?
NÃO
Mas eu estou bem aqui sem me mover.
Eu não te conheço, desculpe.
É um assalto?
Esquecer!
(Grito)
O... o... oi
Prazer Júlia.

2 comentários:

rick disse...

Bela imagem, aedo grego, sensações múltiplas com seus seres solitários, expostos à precária condição humana, à espera do ônibus, de fumar um, do orgasmo. Muito prazer.

H disse...

Adoro quando você deixa transparecer a trilha...adoro quando tem como completar, porque sempre fica faltando alguma coisa...a alma...você sabe...

de nascer

quem quiser  quem for ver vai dizer que o tempo passou voando não vai mentir vai sentir um vento na cara, natureza talvez sorrir parece que ...